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A Indulgência que não temos

Não se assuste com o que escrevo abaixo: ter sinceridade com os próprios sentimentos é o jeito correto de lidar com as próprias falhas e virtudes. Falar sobre perdão interno (e executar) me faz tão bem quanto perdoar outro – Atente para a importância disso em tua vida.

A indulgência é relacionada com a clemência, tolerância e perdão, pois todas essas qualidades derivam a partir do ato de absolver alguém de um castigo ou uma punição.

Etimologicamente, o termo indulgência se originou a partir do latim indulgentia, que significa “bondade”, “para ser gentil” ou “perdão de uma pena”.

A questão é que queremos evoluir, sempre. Desse modo nos exigimos em plenitude ou nos ressentimos em plenitude. Esquecer nossos erros não significa que nos perdoamos, apenas significa que colocamos uma pedra em cima da situação e, torcemos (em verdade rezamos), para que ele não volte a aparecer, mas, lamento informar, ele (o sentimento) retornará ainda mais forte e vigoroso para lhe cobrar a devida atenção. E nesse momento os juros serão geométricos.

No filme “Sete Vidas“:

Ben Thomas (Will Smith) é um agente do imposto de renda que possui um segredo trágico. Por conta disso, ele é um homem que tem um grande sentimento de culpa, o que faz com que salve as vidas de completos desconhecidos.

Obter ciência e conhecimento das nossas falhas, irritações, desconfortos e demais mazelas que nos tiram da zona de conforto é condição fundamental para limparmos nosso interior e deixar nossa melhor luz resplandecer. Mas quem quer lidar com tal tarefa?

Veja: cada vez que tomas partido em olhar pra dentro de si e trabalhar com essas mazelas tens a oportunidade de descobrir um pedaço de ti que ainda não sabias que estava lá. Aliás, as vezes sequer ele estava lá: sem o sincero e profundo reconhecimento das nossas constituições não podemos nos aprimorar. E nossa natureza é dinâmica. Somos isso ou aquilo com base no contexto que vivemos.

Como diz um dos Mestres:

A vítima e o carrasco queimam no mesmo inferno.

Sempre que você fica com raiva de alguém, cria um mundo de palavras duras, reprovações, cólera, sofrimento.

Perde a indulgência que tem por si mesmo.

Sempre que fica com raiva, você se irrita contra uma projeção de seu próprio ego, uma pessoa ou uma situação que você forja. É o jogo de espelhos, a ilusão que o leva a lutar contra si mesmo.

E assim percebes que a raiva que tens contra (a favor?) do outro em verdade é contra si mesmo – Apenas com transparente e profundo desejo de perceber e entender concordarás com isso. Mas creia: toda tua raiva contra outrem é, em último plano, contra tu mesmo.

Daí a imagem que temos dos Santos: estando eles em firme estado de prontidão e consciência, não necessitam do recurso da culpa a ninguém e, portanto, não acusam ninguém.

Seja assim santo: não culpe ninguém. Nem mesmo a você.

Pro fim, ainda do mestre:

Se vocês não são muito fortes, não deixem que as pessoas imersas no turbilhão auto-sustentado do sofrimento entrem em sua vida. Não deixem que elas tenham a menor influência sobre vocês.

Recusem seu poder. Mas não as acusem. Elas são inocentes.

Mesmo calculadoras, intrigantes e deliberadamente ardilosas, elas são inconscientes.

Presas na mecânica da acusação e da manipulação, insensíveis a seu próprio sofrimento e ao dos outros, anestesiadas, elas se destroem.

Mas não são “culpadas”.

 

 

 

Um comentário sobre “A Indulgência que não temos

  1. Perfeito… nada a tirar, nem acrescentar.

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